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Carazinhense e amigos exploram montanhas na Cordilheira dos Andes
Fotos Divulgação/Arquivo Pessoal
Em janeiro deste ano, quatro amigos se reuniram para explorar e conhecer o Passo San Francisco, divisa entre Argentina e Chile localizado no deserto do Atacama. Marcos Leite veio de Curitiba, Cleber Matiola de Içara e Tiago Bordignon de Carazinho encontraram a argentina Laura Madariaga, que os esperava próximo a Cordilheira dos Andes para mais uma aventura.
Bordignon conta que para aclimatar e diminuir os efeitos da hipóxia (falta de oxigênio) por conta das altitudes elevadas, eles elaboraram um plano que previa a subida de montanhas de diferentes altitudes, como o Falso Morocho, de 4.500 metros acima do nível do mar, depois outra montanha de 5.032 metros, de nome desconhecido, e posteriormente montanhas de 6 mil, que eram o principal objetivo do grupo.
“Toda cordilheira dos Andes tem aproximadamente 100 montanhas com mais de 6 mil metros de altitude, mas apenas 16 com mais de 6.500 metros de altitude. Dentre essas escalamos o Nevado San Francisco com 6018 metros e o Três Cruces Central de 6629 metros, sendo esta a 11° mais alta da Cordilheira”, relata ele.
Para chegar ao cume desta montanha, eles montaram acampamentos em lugares diferentes e dormiram duas noites a quase 6 mil metros de altitude. “Foi bem difícil e desgastante pois nessa altura o corpo não se recupera direito por conta da falta de oxigênio, e qualquer atividade que a gente faz requer muito esforço. Fadiga e dor de cabeça são sintomas comuns que aparecem. No dia de cume tivemos uma escalada muito íngreme através de um grande glaciar. Fomos passo a passo, com muita persistência, galgamos altura, alimentando o espírito indomável pela beleza selvagem da paisagem. Ao chegar no cume o vento forte e gelado cortava como uma faca afiada, fizemos algumas imagens, comemoramos e logo tratamos de baixar para escapar das intempéries”, relatou.
Na volta, alguns metros abaixo, o grupo encontrou o livro de cume perdido desde 2016. Fizemos o devido registro e marcação do waypoint para futuro resgate. Ao chegar no acampamento tivemos de derreter gelo para ter água para beber e cozinhar, pois nessa altitude é muito difícil encontrar água em estado líquido. Ao voltar para o acampamento mais baixo, nos próximos dias baixou mais a temperatura e começou a nevar muito, o que prejudicou nossa programação de escalar o Ojos del Salado, montanha com 6.893 metros, sendo esta a segunda mais alta dos Andes e é também o Vulcão mais alto do mundo”, comenta.
A ideia era, na mesma expedição escalar o Ojos del Salado, o que não foi possível. “Esperamos alguns dias por melhoras na previsão do tempo, porém os compromissos no Brasil falaram mais alto e acabamos retornando, deixando este Vulcão para uma próxima expedição. Alguns montanhistas que conhecemos lá, tentaram escalar este vulcão com essa condição desfavorável e tiveram problemas de congelamento na face e nos dedos, precisando voltar para cidade mais próxima tendo internação hospitalar”, salientou.
Bordignon e os amigos esperam que a experiência vivida por eles inspire outras pessoas. “Com este breve relato, espero que as pessoas busquem um contato mais amplo e próximo com a natureza na sua forma mais pura possível, sempre com muito respeito e conservação. Não existe liberdade maior do que sentir o peso de uma mochila nas costas”, finaliza o carazinhense.
Não é a primeira vez que Tiago Bordignon visita a Cordilheira dos Andes. Em janeiro do ano passado ele também realizou uma expedição ao local e escalou duas montanhas, o Cume Cerro El Baboso, que tem 6.080m, e o Cume Famatina, com 6100m. Você pode reler clicando aqui.

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